Era possível ouvir o barulho das ondas. Shua! Shua! Shua!... Elas iam e vinham, enquanto Ele pregava. As multidões o cercaram. Estava comprimido. E sem ter mais para onde ir... Ele “viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes. Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões” (Lucas 5.2,3).
Enquanto Jesus ensinava, Simão Pedro lavava as redes. Enquanto a Excelência da Sabedoria polia pensamentos, Simão lixava sua alma. Enquanto as multidões maravilhavam-se com a doutrina de Deus-homem, Simão pensava em como providenciar o pagamento dos impostos. Era um esplêndido contraste.
“Quando acabou de falar, [Jesus] disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes. Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique. Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador... Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram” (Lucas 5.4-8, 10,11).
Diante do benefício, e da aproximação de Deus, Simão só conseguiu, se sentir mais miserável. “Retira-te de mim... porque sou pecador...”.
E quem de nós não é?
Pedro conhecia o seu lado grotesco, o “monstro” que havia dentro dele e que a qualquer momento poderia manifestar-se; colocar suas garras de fora.
Mas, Simão ouviu Jesus, calma e compreensivelmente lhe responder: “Não temas...”
Jesus sabia, exatamente, o que ele estava sentido: medo, insegurança, indignidade. Pedro é a figura de Adão no Éden. Estava nu, queria se esconder. Fugir de Deus.
Mas em lugar de uma sentença de morte, rejeição, humilhação, ou encarceramento, Pedro ouviu Deus dizer: “Não temas; doravante serás pescador de homens”.
Jesus apostou em Pedro, queria tê-lo por perto, mesmo conhecendo melhor do que ele suas falhas. Ainda assim, Ele acreditou. Seu desejo era transformar o pecador em um pescador de almas; à distância, em amizade.
Será que isso é possível?
Nunca foi do interesse do Criador estar distante de sua criação. Ele sempre desejou estar perto de todos nós. É a humanidade pecadora quem o resiste, quem o rejeita, quem o mantém longe.
Ele quer participar dos momentos felizes e infelizes das nossas vidas, assim como tem o interesse de nos guiar através dos labirintos pelos quais temos nos perdido.
Se o que te preocupa são os erros que cometeu ou tem cometido, esqueça; Jesus está apto, a perdoar os pecados que você já cometeu; como também os que irá cometer.
Quando chamou a Simão Pedro, Jesus sabia quem ele era, conhecia o seu futuro. Porque “nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2.9). O Senhor sabia que Pedro o negaria três vezes, antes que o galo cantasse duas; sabia que o homem que jurou ir com Ele até a morte, praguejaria dizendo que nunca O conheceu. Mas, viu também as suas lágrimas de arrependimento, e antes que Pedro as derramasse, Ele se prontificou a enxugá-las.
Como conhecedor de cada segundo do futuro de Pedro, Jesus poderia nunca ter passado pelas margens do lago de Genesaré. Mas não o fez. Não o evitou. Ele insistiu. Ele queria estar perto. Não olhou para suas falhas. Mesmo tendo o poder de fazê-lo. Ele atentou para sua alma. E quando olhou para a alma, Ele viu o vazio de Sua ausência. Um vazio do tamanho dEle. Um vazio que apenas Ele poderia preencher.
Debruçado na janela do tempo, e olhando para adiante da Campina dos erros. Jesus viu um futuro diferente na vida de Pedro. Ao passo que conheceu seus erros, pode ver também suas virtudes. E tendo olhado, Ele pode ver Pedro testificar com uma alma incendiada, e um coração contrito:
“Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (II Pedro 1.16,17).
Noutras palavras: “Não o digo por que ouvi de outros. Mas testifico que Ele é o Filho de Deus, porque estive com Ele”.
“Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”
O apóstolo Paulo completa:
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 7.25).
“Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (I Coríntios 15.22).
Ele veio reparar o erro de Adão. Ele nos salva de nós mesmos. Ele domina o nosso lado monstruoso.
Jesus olhou adiante na vida de Pedro. Ele está olhando adiante, com relação a sua vida também.
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